segunda-feira, fevereiro 22, 2010



Lembro-me da tarde em que tu morrias em meus braços , era arcadicamente lindo o modo como eu te tomava e te afagava os cabelos alourados . Era tão fascinante como você queimava ardentemente numa dantesca febre , e eu deslizava sobre sua fonte um pano umidecido , querendo acalentar o fogo que te consumia . Te embalava com um leve sorriso cínico , e no vai e vem da rede o vapor do teu sangue fervoroso me arrebatava , quase me impedindo de te tocar . Ninguém mais suportava o calor do teu corpo, nem mesmo o teu próprio suor , parece que se calefava . Ninguém além de mim , a única que portava uma certa imunidade a tamanha ardência . Te beijava fervorosamente na ânsia em que teu corpo carbonizasse . Meu beijos pareciam exercer a função do isolante térmico : ÁGUA , era assim que eles se comportavam diante das suas chamas , além de acelerar a tarefa das tuas glândulas sudoríparas . Os teus sentidos se esvaíram em água , até que a temperatura se reestabelecesse , era como se você tivesse sobrevivido ao maior incêndio já acontecido . Mas o nosso amor não , indiferentemente de você o amor não é como a Fénix que renasce das chamas .



( Andressa Vieira _ memórias de um esquecimento )

Nenhum comentário:

Postar um comentário